Preparar a mente é preparar um futuro feliz e ativo

O Dia Mundial da Saúde Mental é mais do que uma data simbólica, é um apelo à ação.
E em Portugal, com uma população a envelhecer rapidamente, este apelo deve ser ouvido em todas as idades. A melhor forma de garantir uma velhice mentalmente saudável começa agora, nas escolhas que faz todos os dias.
Portugal continua entre os países europeus com as taxas mais elevadas de ansiedade e depressão e apresenta o pior resultado da OCDE na avaliação da saúde mental. O que não se resolve ao longo da vida tende a agravar-se após os 65 anos. Perdas, reformas, doenças crónicas e, acima de tudo, a solidão, tornam-se grandes inimigos da mente.
Quando a rotina do trabalho termina e a reforma não foi preparada, o vazio instala-se. A inatividade e o isolamento são venenos que corroem o bem-estar, aceleram o declínio cognitivo e aumentam o risco de demência.
A mensagem é clara: o futuro mental depende de uma vida ativa e social.
O cérebro precisa de desafios e de objetivos diários.
Ler, aprender novas tarefas, jogar sudoku, dançar ou descobrir algo novo não é apenas passar o tempo, é fortalecer o cérebro e criar uma reserva cognitiva que protege contra o declínio e a demência.
Mesmo depois da reforma, é essencial manter um propósito: ajudar um vizinho, jardinar, fazer voluntariado ou dedicar-se a um passatempo. Sentir-se útil dá sentido à vida e protege a saúde mental.
A amizade é um medicamento natural poderoso.
Depois dos 65 anos, socializar é uma prioridade. Participar num grupo de caminhada, frequentar uma Universidade Sénior ou manter rotinas de café com amigos são atos de prevenção tão importantes quanto uma ida ao médico.
Cultivar estes hábitos é a forma mais eficaz de proteger e fortalecer a saúde mental.
1. O estigma silencioso.
Ainda existe vergonha em falar de saúde mental. E quando uma pessoa idosa se queixa de tristeza ou apatia, é comum ouvir:
“A tristeza é normal, é da idade.”
Não, não é. A isso chama-se idadismo e é uma forma silenciosa de desvalorizar o sofrimento emocional das pessoas idosas.
A depressão é tratável, mas não se trata sozinha.
2. O acesso lento.
Quando o problema surge, os tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde são demasiado longos. Em qualquer idade, o tratamento deve ser rápido ou o problema agrava-se.
Procure ajuda quando for preciso.
Se sentir tristeza, desânimo ou ansiedade por mais de duas semanas, fale com o seu médico, com alguém da sua confiança, fale connosco.
Não espere! Esse passo pode devolver-lhe a energia e a alegria de viver.
Se é familiar ou cuidador, esteja atento a sinais como mudanças de humor, isolamento, apatia ou perda de interesse nas atividades do dia-a-dia. Estes são alertas que pedem escuta, empatia e acompanhamento.
Cuidar da saúde mental das pessoas idosas é cuidar da sua dignidade, da sua autonomia e da sua qualidade de vida. Porque, independentemente da idade, a mente continua a precisar de estímulo, afeto e sentido.
A velhice pode, e deve, ser vivida com alegria.
E se queremos um país mais saudável, precisamos mudar a forma como cuidamos da mente, em todas as idades. Cada conversa que abrimos, cada estigma que quebramos e cada hábito que cultivamos é um passo nesse caminho.
Comece hoje: desafie a sua mente, mantenha-se ativo, procure socializar e fale sobre o que sente.