O Poder da Escolha

Como gerontóloga, ao ler este artigo do Público, reconheço a verdade essencial sobre envelhecimento e saúde: o maior poder está nas suas mãos, não numa caixa de comprimidos. Tenho tido a alegria de acompanhar pacientes que mudaram hábitos e hoje vivem com mais energia, saúde e independência. São as nossas escolhas diárias que determinam a qualidade da vida que teremos ao envelhecer.
Não se trata de criticar a medicina moderna, os remédios salvam vidas e são insubstituíveis em muitas situações. A questão é que, para uma vida longa e verdadeiramente com qualidade, o nosso foco deve mudar da gestão da doença (tomar remédios para controlar os sintomas) para a superação da doença (alterar a causa na sua origem).
O nosso objetivo não é apenas a longevidade (viver muitos anos), mas sim a extensão do período de saúde (healthspan), garantindo que esses anos sejam vividos com autonomia e vitalidade.
Quando falamos de doenças crónicas como a diabetes tipo 2, o estilo de vida (alimentação, a atividade física e o sono) atua como uma terapia de base. Cada escolha consciente é um investimento no seu futuro eu. Dou três exemplos:
A alimentação consciente não é uma dieta temporária. É uma forma de reprogramar o seu metabolismo, dando ao seu pâncreas a oportunidade de regenerar-se e diminuir a necessidade de se injetar ou engolir insulina e outros medicamentos.
A caminhada de hoje não é só para queimar calorias. É para garantir que, aos 80 anos, consiga levantar-se da cadeira, apanhar um autocarro ou levar os seus netos ao parque sem depender de um auxiliar de marcha. É preservar a sua capacidade funcional.
O sono reparador não é apenas descanso. Dormir bem permite que o corpo regule hormonas essenciais para a glicémia, recupere tecidos e fortaleça o sistema imunitário. É investir numa base sólida para envelhecer com saúde e energia.
Na terceira e quarta idades, a confiança excessiva em medicamentos traz o risco da polimedicação (o consumo de múltiplos remédios), que pode levar a interações perigosas, confusão mental, quedas e inclusive morte antecipada.
Quando um estilo de vida consciente, saudável e consistente leva à remissão da diabetes, significa que estamos a reverter a causa da doença e, consequentemente, a reduzir a dependência de fármacos. O resultado? Mais segurança, menos efeitos secundários e, acima de tudo, mais liberdade e alegria.
O poder da mudança de hábitos é a sua escolha mais pessoal e intransmissível. Ninguém pode comer de forma mais saudável por si, nem fazer exercício no seu lugar. É um ato de autonomia e de respeito pelo seu corpo. O seu maior aliado para um envelhecimento pleno não está na farmácia, mas sim na sua rotina diária. O seu futuro com qualidade de vida é uma decisão que toma hoje.
A sua Gerontóloga,
Ana Rodrigues
P.S. Precisa de orientação para transformar hábitos e cuidar da sua saúde de forma ativa? Estou aqui para ajudar. Entre em contacto AQUI e descubra como dar passos concretos rumo a um envelhecimento mais saudável e feliz.